Azevém resistente à herbicidas
- Bom Cultivo Soluções Agrícolas
- 2 de jul. de 2022
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Atualizado: 6 de jul. de 2022
O azevém (Lolium multiflorum Lam.) é uma espécie anual de inverno, utilizada principalmente como forrageira e para fornecimento de palhada para o sistema plantio direto. É uma espécie de fácil dispersão e, por isso, está presente e caracteriza-se como planta daninha em praticamente todas as lavouras de inverno e em pomares da região sul do Brasil.
Desde a identificação do primeiro biótipo resistente ao glifosato, em 2003 na cidade de Vacaria, no Rio Grande do Sul, o controle dessa espécie na dessecação pré-semeadura das culturas de Soja, Milho e Trigo tem sido dificultada. Devido a falhas na implementação de práticas para conter o avanço dessas populações resistentes, associado ao uso de azevém resistente a glifosato como forrageira, houve grande disseminação dessas populações, deste modo, atualmente, mais de 80% das populações de azevém são resistentes ao glifosato.
O azevém infesta a cultura do Trigo desde o início de seu cultivo. Porém, nos últimos anos sua ocorrência e densidade aumentaram, devido a falhas no controle dessa espécie, aumentando o número de sementes no banco de solo. A falta de herbicidas com diferentes mecanismos de ação e a presença de populações resistentes aos herbicidas inibidores da EPSPs, ALS e ACCase, além de falhas na escolha de ferramentas para o manejo, contribuiu para seleção de indivíduos resistentes.
Os danos causados pelo azevém impactam negativamente no rendimento de grãos do trigo. Populações de azevém entre 130 e 750 plantas m-2 até a maturação do trigo, reduziram o rendimento de grãos em cultivar de porte alto entre 4 e 22% e no de porte baixo entre 18 e 56%.
Os efeitos negativos da mato competição do azevém na cultura do trigo começa no início do seu ciclo, antes mesmo de se iniciar a competição por água e nutrientes. Estudos mostram que a presença da planta competidora desencadeia alterações morfológicas diferenciadas sobre a cultura de interesse. A qualidade da luz que a planta recebe logo no início do seu desenvolvimento altera a distribuição de fotossintatos e, em consequência modifica o seu crescimento.
Esses efeitos negativos indicam a necessidade de adoção de estratégias que reduzam a infestação do azevém nas áreas de cultivo. Dessa maneira podemos elencar alternativas de manejo para controle dessa planta daninha, tais como:
Uso de pré-emergentes, sendo uma ótima opção para diminuir o número de sementes no banco de solo, herbicidas como: S-metolacloro, pendimetalina, trifluralina, piroxasulfona e flumioxazina são importantes ferramentas, no entanto cuidados com intervalo e forma de aplicação são imprescendíveis.
Utilização de inibidores de AlS em pós emergência da cultura do trigo, em caso de não haver resistência a esse mecanismo de ação.
Associação de inibidores da Accase com inibidores da Glutamina sintase (GS).
Seguir princípios da tecnologia de aplicação.
Aplicações seqüenciais.
Rotação de culturas e adubação verde.
Limpeza de colhedoras antes de utilizá-las em outras áreas.
Manejo outonal.
Estádio adequado para o controle (2 a 4 folhas).
Dessa forma a diversificação do uso de ferramentas para o controle de plantas daninhas resistentes, poderá facilitar o manejo além de diminuir novos casos de resistência a diferentes mecanismos de ação dos herbicidas, contribuindo assim para uma agricultura mais sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Fleck, 1980. Competição de Azevém (Lolium multiflorum L.) com duas cultivares de Trigo. Planta Daninha, v.3, n.2, 1980. Galvan, J. Banco de sementes e fluxo gênico de Azevém sensível e resistente ao herbicida glifosato. Tese... PPGagro UPF. 2013. 201p. Lamego, F.; Reinehr, M.; Cutti, L. et al. Alterações morfológicas de plântulas de Trigo, Azevém e Nabo quando em competição nos estádios iniciais de crescimento. Planta Daninha, v.33, n.1, 2015.
VARGAS, Leandro et al. Azevém resistente: manejo e controle. In: Embrapa Trigo-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE PLANTAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS, 2., 2015, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: Unesp, 2015. Palestras, p. 13-17., 2015.
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